Relação entre o uso de tabaco e transtornos mentais

A prevalência de tabagismo em indivíduos com transtornos mentais graves como esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar e depressão com sintomas psicóticos, é alta e vem se configurando como um grave problema, principalmente pelas doenças que esse hábito pode desencadear seja pelo uso freqüente e crônico seja pela interação com a medicação utilizada por esses indivíduos. O artigo publicado pela Revista de Saúde Pública, em 2007, buscou analisar a prevalência de tabagismo em amostra de indivíduos com transtornos mentais graves em São Paulo.
A coleta de dados deu-se por meio da aplicação de questionários sociodemográficos e econômicos e outros instrumentos para obtenção do histórico médico dos voluntários. A população de estudo foi composta por 192 indivíduos com diagnóstico de transtorno mental grave e que tiveram contato com serviços psiquiátricos do setor público de setembro a novembro de 1997, com idades entre 18 e 65 anos. Os resultados apontaram que dos 192 indivíduos com transtornos mentais graves, 59,9% consomem cigarros diariamente. Em relação ao consumo tabágico, foi relatado que 27,8% eram fumantes leves (consomem de 1 a 10 cigarros por dia), 37,4% são fumantes moderados (11 a 20 cigarros por dia) e 34,8% foram considerados fumantes pesados (mais de 21 cigarros por dia).
Os pesquisadores concluíram que a prevalência de tabagismo na amostra de indivíduos com transtornos mentais graves foi maior que a encontrada na população geral brasileira. Evidenciaram que ser do sexo masculino, fazer uso irregular de neurolépticos e ter história de dez ou mais internações anteriores mostraram-se independentemente associados ao tabagismo.O estudo enfatiza, ainda, que os serviços de saúde mental devem promover políticas antitabagismo, cabendo aos profissionais de saúde mental ajudar os portadores de transtornos mentais graves que manifestem a vontade de cessar o hábito de fumar.

Fonte : OBID / SENAD

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