Vestidos de 'morte', protestantes levam cigarro gigante para Assembléia

Ao todo, foram 200 cruzes para lembrar mortes decorridas do fumo. Representantes do comitê contra o cigarro vestiram fantasias de morte.

Para lembrar as 200 mil mortes causas em decorrência do tabaco todo ano no Brasil, 200 cruzes foram colocadas em frente à Assembléia Legislativa de São Paulo, na Zona Sul, nesta terça-feira (11). A manifestação foi organizada pelo Comitê Estadual por Ambientes Livres de Tabaco (Cepalt), que vestiu seus representantes com fantasias simbolizando a morte. O ato público apóia a votação e aprovação de um projeto de lei que proíbe o fumo em lugares fechados em São Paulo. (Foto Sérgio Castro/ AE)

O drama dos filhos de fumantes...

Jonathan Gabriel, 11 meses, está internado com problemas respiratórios. Dos seus onze meses de vida, três deles Jonathan Gabriel passou internado em hospitais pediátricos, sendo tratado de complicações respiratórias provocadas pelo fumo passivo. Sua mãe, Maria das Graças Oliveira Medeiros, 19 anos, é ex-fumante; mas seu marido e sua sogra não largaram o cigarro e até hoje fumam dentro de casa, poluindo o ambiente doméstico. O pequeno José Érico, de apenas cinco meses, divide o quarto da UTI com Jonathan no Hospital Infantil Varela Santiago, onde estão internados. Ele também sofre as conseqüências do tabagismo dos pais. Mesmo com pouco tempo de vida, as duas crianças citadas acima já apresentam sinais no organismo típicos de fumantes. Muitos dos casos que chegam aos hospitais pediátricos estão relacionados às doenças respiratórias — asma, bronquite, sinusite, pneumonia. Boa parte delas é provocada ou agravada pela fumaça do cigarro daqueles que, sem um senso mínimo, fumam em casa, na frente das crianças.Uma pesquisa realizada no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (USP) detectou que 24% das crianças de 0 a 5 anos de idade apresentavam vestígios de nicotina no organismo, quando, na verdade, a concentração deveria ser zero. Foram analisadas, numa primeira etapa, 78 garotos. Mais à frente, foram realizados exame de urina em mil crianças de uma escola particular paulista. Os resultados apontaram que 51% deles são fumantes passivos.A presença de nicotina no organismo dessas crianças é o primeiro passo para o vício futuro, pois ela atua diretamente no sistema nervoso autônomo, além de ser uma substância cancerígena. Fumar durante a gravidez pode gerar fetos anormais, nascimento prematuro ou até mesmo óbito. Durante a amamentação, a mãe que fuma transmite nicotina para o filho.

O tabagismo é considerado hoje a terceira maior causa de morte evitável no mundo, ficando atrás apenas do tabagismo ativo e do consumo exagerado de álcool. Existem cerca de dois bilhões de fumantes passivos no mundo. Desse total, estima-se que 70 bilhões são crianças. No Brasil, seriam 15 milhões. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera o tabagismo uma doença pediátrica, pois a grande maioria dos fumantes começa a fumar antes dos 19 anos.


Hospital lotado

A pediatra e diretora médica do Hospital Infantil Varela Santiago, Maria da Penha Paiva, diz não ter estatísticas de fumo passivo na infância aqui no Rio Grande do Norte, mas confirma que a procura por tratamento de doenças respiratórias em crianças é muito grande, e que a situação se agrava ainda mais neste período do ano, de frio e fumaça dos festejos juninos. “Quando a criança chega ao hospital com problemas respiratórios, encaminhamos ao pneumologista. Depois, conversamos com os pais para orientar que não fumem na frente do filho”, diz Penha Paiva. “Depois que a criança é internada é que percebemos se a mãe é fumante ou não.”A diretora médica do Varela Santiago confirma também que a freqüência maior é de crianças na faixa etária entre 0 e 5 anos. “A fumaça do cigarro também agrava a situação daquelas crianças que já têm algum problema respiratório, como sinusite, asma, bronquite e até mesmo pneumonia”, diz ela.


Parentes que fumam

Maria das Graças, a mãe de Jonathan — aquele do início da matéria — conta que fumou até o terceiro mês de gravidez, quando foi proibida pelo médico de seguir no vício. O resultado disso tudo não tem sido nada positivo. Ao dar entrada no Hospital Infantil Varela Santiago, seu filho foi direto para a UTI, com sintomas de cansaço e pneumonia.“Ele tosse muito, o nariz fica escorrendo, fica com a respiração cansada e sem oxigênio. A médica disse que se quisesse meu filho vivo tinha que parar de fumar”, diz Maria das Graças. “Converso com meu marido para ele parar de fumar, mas o vício é uma coisa nojenta.”Já segundo Maria Fernandes Pereira, bisavó de José Érico, também citado no início do texto, os pais da criança fumam muito. E por ser pequena a casa onde moram, a poluição doméstica só piora. O garoto nasceu prematuro, com sopro no coração e pneumonia, de acordo com a bisavó. Quando José Érico receber alta, ela não vai permitir que seu bisneto volte mais para casa com os pais fumando do jeito que fumam.“Minha filha ainda fuma, mas já mandei ela parar. Sei o que é isso, pois sempre fumei, mas faz treze anos que parei. Nunca fumei na frente dos meus filhos”, diz Maria Fernandes.


Curiosidades

-O fumante passivo pode conter no sangue, urina e saliva quantidade de nicotina equivalente à encontrada em fumantes de um a dez cigarros por dia, dependendo do número de horas de exposição à fumaça.

-O Brasil é o sexto maior mercado de cigarros do mundo e, desde 1994, é o primeiro na exportação de folhas de tabaco, apesar de ser o quarto maior produtor mundial.

- Um terço da população adulta fuma no Brasil, o que representa 11,2 milhões de mulheres e 16,7 milhões de homens, segundo a OMS e o Instituto Nacional do Câncer.

- O tabagismo causa cerca de um milhão de mortes por ano na China. No país, morrem anualmente 100 mil pessoas devido a doenças relacionadas ao tabagismo passivo.

- O Japão é um dos países industrializados onde se consome mais cigarro, segundo a OMS. Os 42 milhões de viciados fumam uma média de 130 pacotes por ano. É o 3º consumidor mundial de tabaco, atrás da China e dos EUA.

- A Rússia é o país com maior percentagem de fumantes no mundo. Cerca de 70% dos homens e 30% das mulheres fumam.

- No Chile, cerca de 14 milhões de pessoas morrem, a cada ano, por causas atribuídas ao tabaco. O país tem a maior taxa de consumo de cigarro na América Latina, com 42%, junto com a Argentina.

- A Organização Mundial de Saúde indica que mais de 40 mil argentinos morrem anualmente devido ao tabagismo.

- No México, o número anual de mortes supera os 53 mil, numa média de 147 óbitos por dia.- Em Honduras, são consumidos anualmente cerca de 120 milhões de maços de cigarro e as crianças começam a fumar aos oito anos.

- Em Cuba, mais de dois milhões de pessoas fumam e 40% dos fumantes começaram entre 12 e 16 anos. - A Alemanha registra cerca de 140 milhões de mortes anuais em conseqüência direta do cigarro. Um terço da população adulta fuma.

- Nas Filipinas, cerca de 60% dos homens são fumantes e o Estado filipino gasta cerca de US$ 1 bilhão com despesas na área de saúde.

- Nas grandes cidades, o fumo polui mais séria e nocivamente o ambiente do que as indústrias e os veículos automotores.


Cléia Amaral, pneumologista pediatra: “Filhos de pais fumantes têm risco maior de ter pneumonia”


Trabalhando no Hospital Infantil Varela Santiago e no Hospital Pediátrico da UFRN (Hosped), a pneumologista Cléia Amaral atende constantemente casos de crianças, na faixa abaixo dos cinco anos de idade, com complicações respiratórias decorrentes do fumo passivo. Asma, bronquite, sinusite e pneumonia são as doenças mais freqüentes em crianças que convivem com fumantes em casa. Confira trechos da entrevista que a especialista concedeu ao TN Família.


TRIBUNA DO NORTE - São freqüentes, em Natal, casos de crianças que precisam ser internadas por problemas respiratórios causados pelo fumo passivo?


Cléia Amaral – Isso acontece constantemente. Em casos de crianças que não têm asma controlada, na maioria das vezes, os pais são fumantes. Às vezes, a mãe até fuma com a criança nos braços. Termina que a criança fica mais predisposta a ter infecções respiratórias, e até infecções complicadas tipo pneumonia. As crianças que têm pais fumantes, principalmente a mãe, têm um risco, em média, sete vezes maior de ter pneumonia do que aquela que não convive com fumantes”


TN - Há casos de óbito decorrente disso?


CA - Dependendo se a criança é prematura, desnutrida, se ela já tem outros fatores de risco, se ela é constantemente submetida à fumaça do cigarro, esse risco aumenta mais ainda. Então, acontece de ter óbito sim. Não temos estatísticas nossas mostrando isso. Mas, com certeza, tem uma co-relação.


TN – É dada alguma orientação aos pais fumantes que chegam ao hospital com seus filhos doentes?


CA – A mãe é orientada a não fumar dentro de casa e sobre os riscos que a criança está sendo submetida. Mas, infelizmente, isso é uma constante. Às vezes, por ignorância, a mãe acha que isso não acontece.


TN – E qual o tratamento em casos de complicação respiratória? Qual o procedimento quando a criança chega ao hospital?


CA – Ela é internada e, normalmente, vai para a hidratação venosa — pois a maioria, quando interna, é de casos complicados. Quando é uma pneumonia mais simples, dá para tratar em casa; mas quando chega ao hospital vai para a medicação venosa, antibiótico venoso, usamos medicação para dilatar os brônquios, broncodilatadores, quando é necessário, do tipo nebulização. E quando a criança está em condições, damos alta para manter o tratamento em casa, pois na maioria das vezes não é necessário ela ficar internada até curar totalmente. Geralmente, o tratamento termina em casa. Um dos tratamentos também é a higiene ambiental, que é, justamente, esclarecer a mãe para não fumar dentro de casa.


TN – Há muitos casos de reincindência?


CA – Há sim, principalmente de crianças asmáticas, que são as mais prejudicadas. O fumo é um irritante para os brônquios de qualquer pessoa, tanto faz adulto ou criança. Termina que tem casos repetitivos, desencadeados por fumaça e infecções virais.

Quando fumar fazia bem à saúde...[?]

O cigarro que emagrece, faz bem para os dentes e acalma os nervos está em exposição na Biblioteca Pública de Nova York. Uma série de propagandas antigas de cigarro mostra os esforços usados pela indústria tabagista para exaltar supostos benefícios do fumo.

"Mais médicos fumam Camel do que qualquer outro cigarro". A frase, que hoje faria tremer qualquer associação de medicina, está estampada num anúncio de cigarro da marca Camel criado em 1946. Houve um tempo em que o hábito de fumar, além de elegante, fazia bem à saúde. Essa era a pretensão de uma poderosa indústria tabagista que, em busca de consumidores, recrutou médicos, dentistas e até bebês a seu favor. "Puxa, mamãe, você realmente gosta dos seus Marlboros", diz outro anúncio polêmico que estampa a foto de uma criança. Essas propagandas, criadas entre os anos 1927 e 1954, fazem parte de uma exposição organizada pela Biblioteca Pública de Nova York. Os anúncios, que circulavam em revistas como Life e Saturday Evening Post, são coloridos e criativos. A exposição ainda recorre a celebridades que emprestaram rosto e pulmões à indústria tabagista. O ator Ronald Reagan, o esportista Joe DiMaggio e até Papai Noel aparecem de cigarro em mãos. As propagandas também poderiam ilustrar uma recente e polêmica descoberta de pesquisadores da Universidade da Califórnia e da Universidade Stanford. Em setembro, eles revelaram documentos secretos que mostram o verdadeiro tamanho dos interesses da indústria tabagista. Artistas como John Wayne, Henry Fonda e Bette Davis receberam milhares de dólares para promover marcas de cigarro durante a era dourada do cinema americano, nas décadas de 30 e 40. Só a empresa American Tobacco pagou o equivalente atual a US$ 3,2 milhões para ver a marca Lucky Strike nas telas de Hollywood. Entre os artistas mais bem pagos estavam Clark Gable, Gary Cooper e Joan Crawford. Cada um recebeu US$ 10 mil, o equivalente a US$ 100 mil atuais. A indústria tabagista não imaginava que acender um cigarro e sorrir como Clark Gable custaria um preço ainda maior à saúde das gerações que compraram a propaganda de Hollywood. Se o médico que defendeu as maravilhas de Camel não fosse apenas um figurante de publicidade, nenhuma tosse disfarçaria o constrangimento.

"Mais médicos fumam Camel do que qualquer outro cigarro" A marca Camel distribuiu maços de cigarro na entrada de convenções médicas no ano de 1946. Ao final do evento, um grupo de pesquisadores perguntava qual marca de cigarro os médicos levavam no bolso. A resposta não podia ser outra: eram os mesmos maços recebidos antes. A "estatística" virou anúncio.


"Como seu dentista, eu recomendo Viceroys"Enquanto as causas de câncer bucal eram lentamente associadas ao fumo, o cigarro Viceroys exibia dentistas defendendo a marca. De acordo com estatísticas da empresa, mais de 38 mil dentistas aprovavam Viceroys.

"Puxa, mamãe, você realmente gosta dos seus Marlboros" O uso de crianças na propaganda atingia principalmente o público feminino, e fazia parte dos esforços da indústria tabagista para ampliar a base de consumidores. Segundo a peça publicitária, o milagre dos cigarros Marlboro era não "empapuçar" seus usuários.
Quando fumar fazia bem à saúde

O cigarro que emagrece, faz bem para os dentes e acalma os nervos está em exposição na Biblioteca Pública de Nova York. Uma série de propagandas antigas de cigarro mostra os esforços usados pela indústria tabagista para exaltar supostos benefícios do fumo.


"Encare os fatos! Quando a tentação da comida for demais, acenda um Lucky" O cigarro Lucky Strike criou uma série de propagandas com esportistas saudáveis superando uma espécie de sombra em má forma física. Corredores, tenistas e nadadores vendiam o estilo de vida da marca, que fazia questão de alertar em letras miúdas que seus cigarros não reduziam a gordura.

"20.679 médicos dizem que Lucky Strike irrita menos a garganta" O cigarro Lucky Strike se dizia capaz de proteger a garganta, e também buscou o apoio de pesquisas médicas. De acordo com a publicidade da marca, datada de 1930, mais de 20 mil médicos aprovavam Lucky Strike como sendo "o menos irritante" do mercado.


"Mais cientistas e educadores fumam Kent com o novo filtro Micronite do que qualquer outro cigarro" O filtro do cigarro surgiu como um diferencial que impulsionou as vendas de marcas como Kent e Viceroys. No entanto, o filtro propagandeado pela Kent como solução protetora continha amianto, uma fibra mineral altamente cancerígena quando aspirada. Apenas 2% dos cigarros continham filtro na década de 50. Com o sucesso da suposta proteção, os cigarros com filtro passaram a ter 50% do mercado.

"Proteja-se contra a garganta arranhada. Curta o fumar suave" A indústria tabagista não hesitou em usar Papai Noel como garoto propaganda de cigarro, cigarrilhas e charutos. O bom velhinho apareceu em inúmeras peças publicitárias da marca Pall Mall nos anos 1950, exalando tanta fumaça quanto uma chaminé. Mas, ao contrário dos atletas saudáveis de Lucky Strike, Noel continuou gordinho

"A ciência descobriu - você pode comprovar. Chesterfield não deixa gosto ruim" Chesterfield explorou a credibilidade da ciência a ponto de criar ficção científica. De acordo com o estudo de 1951, feito por uma organização de pesquisa "bem conhecida", o cigarro da marca era o único capaz de enfrentar o microscópio e provar que não deixava gosto ruim na boca - desde que o cientista não deixasse cair cinzas no que estava observando."A ciência descobriu - você pode comprovar. Chesterfield não deixa gosto ruim".

(Fonte: Revista Época)

OMS inaugura o "Relógio da Morte"...

A Organização Mundial de Saúde (OMS) e representantes da luta contra o tabagismo inauguraram um "relógio da morte" para registrar as pessoas que morrem com doenças relacionadas ao tabaco.

Segundo a OMS, o tabaco matará 5 milhões de pessoas este ano, ou seja, mais do que a taxa de mortalidade por tuberculose, Aids e a malária juntas.

O "relógio da morte" já funciona desde o início das negociações na Convenção Internacional contra o Tabagismo, iniciada em outubro de 1999, e em sua inauguração já estava marcando 40 milhões de mortos.

"Essa epidemia afeta os mais pobres dos pobres", indicou Douglas Bettcher, diretor da iniciativa da OMS "Sem Tabaco".

Cerca de 600 delegados provenientes de mais de 150 países se reúnem em Genebra esta semana para negociar o protocolo da Convenção Internacional, que entrou em vigor em 2005 para abordar o comércio ilegal de produtos de tabaco.

Esse comércio faz que os governos percam por ano 50 bilhões de dólares em impostos, segundo a OMS, e alimenta o crime organizado e o terrorismo.

Diabetes e cigarro: uma dupla que não combina

Parar de fumar faz bem a qualquer pessoa, em qualquer momento. Mas existem sempre aqueles que se beneficiam ainda mais ao abandonar o tabagismo. E sem dúvida, os diabéticos se encaixam muito bem neste perfil.Os diabéticos em geral preocupam-se muito com alimentação saudável, prática de exercícios e acabam esquecendo o vício do cigarro. Pensando desta forma, não se dão conta dos benefícios adicionais que poderão conquistar ao abandonarem o hábito tabágico. 1 - Parar de fumar diminui a deposição de colesterol nos vasos e contribui para a boa evolução do diabetes.2 - Diabéticos fumantes têm maior chance de desenvolver doença renal diabética.3 - Parar de fumar melhora a cicatrização dos tecidos, fator este muito importante na doença diabética.4 - Poucas semanas após a interrupção do tabagismo há melhora da circulação nas extremidades, como pés e mãos.5 - A interrupção do tabagismo leva ao melhor controle da pressão arterial, outro fator que contribui na boa evolução do diabetes.6 - O cigarro diminui o apetite, além de piorar o olfato e paladar, podendo interferir no controle adequado da alimentação.Além dos ganhos físicos citados acima, é importante lembrar que a interrupção do tabagismo melhora a auto-estima e traz motivação para enfrentar novos desafios. Portanto, diabéticos de todo o Brasil, uni-vos no combate ao tabaco. Parem de fumar agora e desfrutem de uma vida boa sem espaço para o cigarro.
Camille Rodrigues da Silva - Pneumologista, autora do livro "Apague o Cigarro de Sua Vida"

Tabagismo passivo custa muito caro ao governo brasileiro

Além das milhares de mortes ao ano, o tabagismo passivo custa ao Brasil milhões de reais.
Segundo uma pesquisa solicitada pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), o tratamento de saúde dos 2.655 não-fumantes que morrem, anualmente, em conseqüência de doenças provocadas pelo tabagismo passivo, significa uma despesa de R$ 19,15 milhões ao Sistema Único de Saúde. E o impacto das mortes destas vítimas no pagamento de pensões ou benefícios pelo Instituto Nacional de Previdência Social (INSS) é de R$ 18 milhões anuais.
Os dados são da pesquisa “Impacto do Custo de Doenças Relacionadas com o Tabagismo Passivo no Brasil”, estudo econômico em saúde, solicitado pelo Inca.
A pesquisa levantou os custos das três principais doenças relacionadas ao tabagismo passivo: doenças isquêmicas do coração (como infarto do miocárdio), acidentes vasculares cerebrais e câncer de pulmão.
Uma das bases do estudo foi a estimativa de mortalidade atribuível ao tabagismo passivo na população urbana do Brasil, realizada recentemente por pesquisadores do Inca e do Instituto de Estudos de Saúde Coletiva da UFRJ.
A população estudada vive nos centros urbanos, tem em torno de 35 anos e é formada por fumantes passivos expostos involuntariamente à fumaça do cigarro em suas residências.
As doenças isquêmicas do coração, que provocam anualmente a morte de 1.224 não-fumantes, são responsáveis por gastos de R$ 12,2 milhões. Esse é o custo médio do tratamento anual dos fumantes passivos que morrem por infarto, que corresponde a 64% dos R$ 19,15 milhões gastos do SUS com mortes atribuíveis ao tabagismo passivo somente com essas três doenças.
O custo médio com as pensões ou benefícios gerados pelas doenças isquêmicas do coração é de R$ 8,4 milhões por ano.
No caso dos 1.359 fumantes passivos vítimas de acidente vascular cerebral (derrame), o custo médio de procedimentos médico-hospitalares do tratamento anual é de R$ 6,65 milhões. O custo médio anual estimado para a seguridade social com a cobertura de pensões ou benefícios em decorrência dessa doença é de R$ 9,35 milhões.
Já para o câncer de pulmão, o estudo mostrou que o custo médio do tratamento de 72 fumantes passivos que morreram em conseqüência da doença soma R$ 302 mil. O pagamento de pensões ou benefícios neste caso é de R$ 500 mil por ano.
O estudo foi desenvolvido pela Coordenação do Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) e financiado pelo Projeto Iniciativa Bloomberg Brasil. Seu autor principal foi o médico pneumologista e sanitarista Alberto José de Araújo, que coordena o Núcleo de Estudos e Tratamento do Tabagismo do Instituto de Doenças do Tórax da UFRJ.
A pesquisa, além de fontes de trabalhos anteriormente publicados, usou informações disponíveis na literatura científica internacional e dados do governo (DataSus). Fonte: Jornal do Brasil

Postagens Mais Lidas: