A Propaganda do cigarro



A lei que restringe a propaganda de cigarro a ambientes internos, bares e boates, por exemplo. Além disso, proíbe o patrocínio das indústrias de tabaco a eventos culturais e esportivos e a venda de cigarros a menores de 18 anos. Não torna o cigarro ilegal, não aumenta os impostos, não obriga a indústria a arcar com os gastos de saúde das vítimas do fumo (como estão fazendo os americanos), não pune as agências por propaganda enganosa, apenas proíbe a publicidade. Só impede que as imagens de homens de sucesso, garotas livres e deslumbrantes e esportes radicais sirvam para criar nas crianças a vontade de fumar e, ingenuamente, cair nas garras da dependência química mais escravizante de todas as que existem.

Apesar da brandura da lei, o lobby comandado pela indústria do tabaco e alguns setores da publicidade sempre reagiram ferozmente contra qualquer iniciativa desse tipo. Temiam, certamente, perder parte da capacidade de convencer novos consumidores entre a população mais indefesa: 90% dos fumantes começam a fumar antes dos 21 anos.

Diversas pesquisas mostram que, nos últimos 15 anos, a idade em que meninas e meninos começam a fumar está cada vez mais baixa. Atenta ao mercado, a indústria do fumo dirige a publicidade para a infância e a puberdade.

Por exemplo, veja o que aconteceu nos Estados Unidos com os comerciais estrelados por aquele camelo simpático de óculos escuros, em cima da moto, criado pela R. J. Reinolds, em 1988.

Três anos depois de lançada a campanha, diversos estudos demonstraram que crianças e adolescentes eram perfeitamente capazes de reconhecer com facilidade a personagem e associá-la à marca de cigarro correspondente. Um desses estudos mostrou que o camelo era tão conhecido pelas crianças de 6 anos quanto o camundongo Mickey.

Levantamentos conduzidos em 1988, quando a campanha foi lançada, e repetidos em 1990, concluíram que o número de adolescentes compradores da marca do camelo aumentou de 0,5% para 32%. No mesmo período, as vendas da marca subiram de US$ 6 milhões para US$ 476 milhões.

O argumento empregado pela indústria para justificar a oposição às leis que pretendem proibir a publicidade do cigarro tem sido tradicionalmente o de que muitos trabalhadores vivem da lavoura, do preparo industrial e da comercialização do fumo, e que uma queda de consumo provocaria desemprego.

A justificativa é ridícula. Do ponto de vista moral, é justo provocar sofrimento e morte de milhões de pessoas só para que uma minoria conserve o emprego? Não aceitamos esse tipo de lógica quando empregada pelos plantadores de maconha em Pernambuco ou pelos produtores de cocaína do cartel de Cali.

Os fabricantes de cigarro ganharam fortunas impunemente até hoje. Mesmo com a publicidade proibida, o efeito dessa ação levará anos para ser notada, porque ainda restarão dezenas de milhões de fumantes comprando um maço por dia pelo resto de suas existências.

Além disso, as companhias terão tempo suficiente para investir em outros ramos de atividade os milhões de dólares que antes destinavam à propaganda, e assim absorver a mão-de-obra que porventura venha a ficar sem trabalho.

Não é sensato deixarmos que os beneficiários desse comércio tão lucrativo convençam as crianças a tornarem-se dependentes, para depois tentarmos fazê-las entender que precisam largar de fumar porque o cigarro faz mal.

Fonte: Drauzio Varella - Site

Pós Graduação em Tabagismo



As matrículas para o II Curso de Pós Graduação em Tabagismo da Escola Médica de Pós Graduação da PUC – Rio continuam abertas, ainda há vagas disponíveis.

O curso começará em 18 de abril de 2009. A ficha de inscrição pode ser enviada pelo email:

analucia.guimaraes@jz.com.br

ou através do link do curso abaixo, onde poderão obter maiores informações sobre o curso.

http://www.jz.com.br/congressos/2009/tabagismo/pt/inscricao.htm ou

www.cursotabagismo.com.br

Contatos: Ana Lucia Guimarães
Coordenadora de Projeto da JZ Eventos (empresa de apoio ao curso)
Fax: (21) 2266-9175
Rua Guilhermina Guinle, 272 - 2º andar / Rio de Janeiro / Brasil / 22270-060 / www.jz.com.br

O curso é na modalidade presencial, direcionado aos médicos e profissionais de saúde de áreas afins, começará em 18/abril e se estenderá até 21/novembro do corrente ano, com módulos a cada 3 semanas, em média, aos sábados, no Auditório da PUC-Rio, na Gávea.

Fumo passivo pode trazer dificuldades para engravidar

Mulheres expostas ao fumo passivo na infância ou na vida adulta têm mais chances de enfrentar dificuldades para engravidar ou de sofrer abortos espontâneos, revela um estudo da Universidade de Rochester (EUA), publicado na revista `Tobacco Control`.

É a maior pesquisa já feita a mostrar essa associação. Na análise, que envolveu 4.800 mulheres não-fumantes atendidas no Roswell Park Cancer Institute, os pesquisadores constataram que 40% daquelas que eram expostas à fumaça do cigarro por seis horas ou mais por dia tiveram dificuldade para engravidar ou sofreram abortos espontâneos.

Mulheres expostas ao cigarro na infância tiveram 1,27 vez mais chances de ter problemas com a gravidez. Já entre as que conviveram com fumantes na vida adulta o risco foi 1,3 vez maior. A comparação em ambos os casos foi feita em relação a mulheres que viveram em ambientes livres de cigarro.

No estudo, 4 em 5 mulheres disseram terem sido expostas à fumaça em algum momento da vida, com metade delas tendo crescido em uma casa com pais fumantes. Em relação aos abortos, 12,4% relataram múltiplos abortos espontâneos.

Segundo Luke Peppone, um dos autores do estudo, o cigarro contém toxinas que, supostamente, podem danificar o material genético das células reprodutivas- inibindo a fertilização- e aumentar o risco de aborto espontâneo por influir na produção de hormônios necessários ao desenvolvimento da gravidez.

No entanto, Peppone alerta que não há confirmação científica de como o fumo passivo afeta o organismo da mulher. "É preciso cautela na interpretação dos resultados porque, até a presente data, não conseguimos concluir a causalidade [a relação causa e efeito do fumo passivo e fertilidade]."

Para o ginecologista Rui Ferriani, professor da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto e vice-presidente da Sogesp (Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo), a pesquisa americana comprova o que os médicos já suspeitavam.

"Está muito bem documentado que o fumo prejudica a qualidade dos óvulos e dos espermatozoides. A gente imaginava que o fumo passivo também pudesse ser prejudicial à fertilidade. Agora, está comprovado."

Segundo ele, os ginecologistas devem informar às pacientes que desejam engravidar sobre os riscos do cigarro -pode levar à menopausa precoce, por exemplo- e do uso de drogas, mas ele acredita que uma campanha de saúde pública sobre os fatores que podem levar à infertilidade seria mais eficaz. "Tem mais impacto do que falar individualmente", afirma.

O ginecologista Renato Kalil, do Hospital e Maternidade São Luiz, também avalia que é difícil convencer o casal, especialmente o homem, a deixar de fumar sob o argumento de que o vício pode dificultar a gravidez.

"Na hora, ele cita vários amigos fumantes que engravidaram suas mulheres sem problema. Fica difícil argumentar."

Segundo Kalil, até por falta de mais evidências científicas sobre os males do fumo passivo na reprodução, não é prática dos médicos alertar os casais nesse sentido.

O urologista Edson Borges, especialista em reprodução humana, concorda. "Eu não pergunto à mulher [que está tentando engravidar] se ela frequenta ambientes com cigarro. É muito difícil estabelecer essa relação [fumo passivo e dificuldade de gravidez]. Precisaria saber, por exemplo, a que quantidades de substâncias tóxicas ela está exposta."

Borges argumenta que há muitas variáveis relacionadas à infertilidade e aos abortos recorrentes e acredita que faltam mais evidências científicas sobre os efeitos do fumo passivo na fertilidade.

Fonte : Folha de S.Paulo - Cláudia Collucci

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