Queimando dinheiro...

Pobres gastam 3 vezes mais com cigarro que em cultura:


Os gastos relacionados ao fumo são 34% superiores às despesas com cultura nas famílias limeirenses. O dado pertence à pesquisa "Brasil em Foco 2007", publicada pela empresa Target Marketing com base em informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e outras instituições oficiais. Tendo como ano-base 2005, os limeirenses gastaram R$ 36,5 milhões em cigarros, charutos, fumos para cachimbo e artigos para fumantes, como fósforos e isqueiros. Já os gastos com cinema, teatro, futebol, CDs, discos de vinil, fitas cassetes, disquetes, artigos esportivos e de camping, jornais, revistas, mensalidades e taxas de clubes, classificados como recreação e cultura, somaram R$ 27,1 milhões. Nos gastos com fumo, as 23.877 famílias da classe C, com renda mensal de R$ 497 a R$ 1.064, são as que mais investem, seguida pela classe B (R$ 1.065 e R$ 2.943) com R$ 10,7 milhões e da classe A, acima de R$ 2.944, com R$ 3,2 milhões. Já as 437 famílias da classe D (R$ 263 a R$ 496) e as 229 da classe E (até R$ 262) gastaram juntas R$ 7 milhões, sendo R$ 6,5 milhões na D e R$ 496 mil na E, uma média de R$ 666 ao longo do ano com o fumo. Já em cultura, as duas classes somadas gastaram R$ 1,7 milhão, média de R$ 163 por família. Ou seja, os gastos com o fumo nas famílias mais pobres são trez vezes superiores com relação à cultura. Na classe D, uma fumante desde os 16 anos, que pediu anonimato, diz que gasta R$ 50 por mês com o cigarro, média de um maço a cada dois dias. Ela diz preferir gastar com o cigarro a assistir uma peça sem o maço. "É insuportável a vontade de fumar. Tentei parar várias vezes e já pedi ajuda médica. Sei que está prejudicando o orçamento de casa", diz. A professora de economia do Isca Faculdades, Andréia de Deus, mostrou-se surpresa com os dados e ressaltou que esta realidade dá um impacto impressionante sobre o preço do vício. "Já constatei, em pesquisas junto com alunos, que há pais de família que dizem não ter dinheiro para comprar leite para o filho, mas não deixam de comprar uma maço de cigarro", diz. Ela lembra ainda que a opção por cultura vem de formação através da educação. "As famílias mais pobres não têm a acesso a escola e, no orçamento, fazem prioridades. Elas não concebem a importância da cultura, que acaba ficando de lado. O vício do cigarro é como se alimentar. Um maço custa R$ 2, enquanto uma peça, no mínimo, sai por R$ 20. O fumo cabe no orçamento dessas famílias; a cultura, não". Para Andréia, a realidade acompanha a do País. "Muitos pais e mães fumam perto de filhos pequenos, principalmente nas classes mais pobres. As crianças crescem e incorporam esse hábito". Ela defende que mais políticas públicas sejam voltadas à difusão de cultura, bem como iniciativas privadas.



Fonte: Brasil em Foco - Target Marketing

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