Efeitos do cigarro sobre a visão

Além de ser a causa de vários tipos de câncer e muitas vezes contribuir para o infarto do coração e para o desenvolvimento de outras doenças vasculares, o fumo pode provocar sérios problemas oculares.

Um estudo da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, realizado em 2006, concluiu que os fumantes correm duas vezes mais risco de ficar cegos ao desenvolverem a degeneração macular relacionada à idade (DMRI). E a chance de sofrerem de DMRI é duas ou três vezes maior em comparação com quem não fuma.

A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) se constitui, hoje, na principal causa de cegueira legal no mundo ocidental, em faixas etárias superiores a 50 anos.

Na medida em que aumenta a expectativa de vida das pessoas, aumenta também a incidência da DMRI no contexto da população geral.

O cigarro pode acelerar a oxidação do organismo e favorecer a formação de drusas, que são acúmulos de substâncias nas camadas mais profundas da retina ou provocar a diminuição de mecanismos antioxidantes. Termina assim por “intoxicar” a retina. A mácula é a região central da retina onde são definidas as formas, cores, rostos e também a leitura. E toda a retina tem origem no tecido nervoso, sendo que suas células não se regeneram nem se multiplicam.

Além disso, os fumantes apresentam risco duas vezes maior de ter catarata. À medida que a catarata avança, a visão vai ficando progressivamente mais turva e embaçada, prejudicando as atividades mais comuns, tais como a leitura, o caminhar ou até assistir TV. Nos casos extremos, a queixa óbvia é a perda da visão útil. Não são raros os casos de pacientes mais idosos que sofrem quedas e fraturas sérias devido à visão prejudicada pela catarata.

Os efeitos maléficos do tabagismo também estão associados à queda das pálpebras, que provoca uma diminuição do campo visual, e ao aparecimento da oftalmopatia de Graves, doença que apresenta como sintomas retração da pálpebra e sensação de corpo estranho na vista.

Quem fuma tem muitos problemas de visão, principalmente a partir dos 60 anos de idade. Apesar de não estar cientificamente provado que o fumante, ou quem vive com ele, terá problemas de visão, existem evidências de que, quanto maior a proximidade do cigarro e mais intensa a aspiração da fumaça, maior será o risco de desenvolver problemas oculares ao chegar à terceira idade.

Assim, fumar já foi associado, no passado, à imagem de “glamour”. Hoje esse hábito é considerado um dos piores inimigos da saúde. Considerando que o fumante passivo sofre igualmente ou mais que o ativo os efeitos tóxicos, é muito adequado repensar sobre esse hábito.


M. Elizabeth Mota
Oftalmologista pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP. Membro Titular do Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Atende em seu consultório, em Itu.

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