Indústria do cigarro atrai jovens e mulheres de países em desenvolvimento

O consumo de tabaco aumentará nos países em desenvolvimento como conseqüência da estratégia da indústria do fumo de captar jovens e sobretudo mulheres nessas nações, onde já se concentram 80% dos fumantes, revelou hoje um relatório da ONU.
O Brasil e o México são os dois países com mais fumantes na América Latina, enquanto em nível mundial estão Rússia e China.
O estudo é o primeiro da Organização Mundial da Saúde (OMS) que analisa os esforços internacionais para controlar a chamada "epidemia do tabaco", que mata 5,4 milhões de pessoas ao ano, e que em 2030 será responsável pela morte de oito milhões.
Segundo os dados atualizados do relatório, um bilhão de pessoas consomem cigarros. A fumaça polui o ar que metade das crianças do planeta respira.
A "epidemia" se encaminha com força para os países em desenvolvimento, onde em 2030 estarão quatro de cada cinco vítimas mortais do tabaco, segundo o órgão sanitário da ONU.
Os analistas da OMS responsabilizam a indústria do tabaco por essa situação porque suas campanhas são dirigidas aos jovens e, em particular, às mulheres desses países.
Segundo o estudo, a maioria das mulheres ainda não fuma, o que as transforma em um novo mercado potencial.
Por enquanto, a relação é de uma mulher fumante para cada três homens, "mas no grupo entre 13 e 15 anos essa proporção já é de um para um", revelou à Agência Efe Armando Peruga, um dos autores do relatório.
Nos países em desenvolvimento, é observada uma leve diminuição do número de homens fumantes e um pequeno aumento das mulheres.
Estima-se que, em 20 anos, ambos os grupos estejam fumando igualmente, segundo o estudo.
Armando Peruga afirmou que são "destacáveis" os esforços de Brasil e Chile na luta contra o tabaco na América Latina.
O analista da OMS afirmou, porém, que o Uruguai é atualmente o país-modelo na luta contra o fumo, por ter aplicado o maior número de medidas recomendadas pelo órgão (quatro, de um total de seis), o que resultou na diminuição de 30% da venda de cigarros.
Na Europa, Irlanda, Reino Unido, Noruega, Austrália e Nova Zelândia são os países mais avançados neste tema.
No entanto, a três anos da entrada em vigor da Convenção Internacional para o Controle do Tabaco (ratificada por 152 países), nenhum país adotou todas as medidas recomendadas pela OMS.
Em 40% dos países ainda é permitido fumar em hospitais e escolas, e em apenas 15 países a introdução de advertências nas embalagens de cigarros é obrigatória.
O avanço relativo dos países considerados ricos nesta luta se explica porque estes "sofreram primeiro a epidemia do tabaco e por isso começaram antes a tomar medidas para freá-la". "Nos países em desenvolvimento o fumo começa a se apresentar como um problema sério", explicou Peruga.
Tentando derrubar certos mitos, a OMS assegura em seu relatório que as áreas destinadas a fumantes em lugares públicos "menosprezam os benefícios dos ambientes livres de fumaça" e defende a eficácia da proibição da publicidade de cigarro, pois nos países onde foi feita, o consumo caiu cerca de 16%.
Nas empresas onde se proibiu o fumo, o consumo diminuiu 29% entre os funcionários, indica também o órgão.
Em relação aos impostos, a OMS afirma que aumentar o preço do cigarro em 70% poderia ser uma boa tática.
Segundo o relatório, caso o preço aumentasse em apenas 10%, o consumo cairia 4% nos países ricos, e 8% nos de renda média e baixa.
Atualmente, os impostos provenientes da comercialização de cigarros representam uma renda 500 vezes maior em relação ao que o mundo gasta no controle do fumo. (Fonte: YahooNotícias)

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