Um só Perfil
Por Alex Sander Alcântara
Pesquisa indica que, da mesma forma que nos grandes centros urbanos, tabagismo em pequenas comunidades está associado à baixa escolaridade e à baixa renda. Trabalho foi realizado para traçar programa de saúde pública.
Agência FAPESP – A relação entre condição econômica, baixa escolaridade e tabagismo em uma pequena cidade não difere do padrão dos grandes centros urbanos: os indivíduos de menores renda e escolaridade fumam mais.
Essa é uma das principais conclusões de um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) com habitantes do município de Parazinho (RN). O trabalho pode ajudar a direcionar políticas públicas para o combate ao tabagismo em pequenas cidades.
De acordo com um dos autores, Thales Jenner Falcão, a pesquisa constatou também que os homens fumam mais. Os resultados refletem um cenário nacional. De acordo com o pesquisador, um dos motivos da escolha do município de 4,3 mil habitantes é que “existe pouca literatura envolvendo localidades com essas características”.
“A pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de traçar um perfil dos fumantes locais para a construção de um projeto ambulatorial cujos medicamentos seriam custeados pelo Ministério da Saúde, visando à elaboração de programas de controle do tabagismo no município”, disse Falcão à Agência FAPESP.
A pesquisa foi realizada por Iris do Céu Clara Costa, professora do Departamento de Odontologia da UFRN, e por Falcão, dentista, especialista em saúde coletiva pela UFRN e ex-coordenador da vigilância sanitária de Parazinho. O estudo foi publicado no Jornal Brasileiro de Pneumologia.
O estudo se baseou em um questionário apresentado a 150 pessoas – o que representa 25,6% do universo de fumantes do local. Os participantes, das zonas rural e urbana, responderam a 30 perguntas objetivas e subjetivas sobre assuntos como condição econômica, hábito associado ao cigarro, tempo de tabagismo, idade no início do uso, motivação para fumar, vontade e tentativa de parar, síndrome de abstinência, amigos e familiares fumantes, doenças relacionadas e uso do tabaco associado à ingestão alcoólica.
De acordo com Falcão, a utilização dos questionários é uma metodologia que facilita o trabalho dos agentes comunitários de saúde. “Para evitar distorções, os entrevistadores são treinados. Mas mesmo assim pode ocorrer uma má interpretação por parte de algum deles sobre alguma das questões abordadas.” Início precoce
Os dados indicaram que, do universo de fumantes, 57,8% eram do sexo masculino, contra 42,2% de mulheres. Em relação ao perfil sociodemográfico, verificou-se que, na população acima dos 19 anos, 26,4% dos homens e 20,4% das mulheres eram tabagistas. Os índices foram praticamente iguais para prevalência nas zonas urbana (23,5%) e rural (23,4%).
Um dado chamou a atenção: 66% dos entrevistados ganhavam até um salário mínimo. Além disso, cerca de 39,3% eram analfabetos e 51,3% tinham o ensino fundamental incompleto. Os dados destacam, de acordo com os autores, a forte relação entre tabagismo, baixa escolaridade e baixa renda.
“As pessoas de menor rendimento e com baixa escolaridade fumam mais. Algumas não acreditam na ciência e chegam a contestar o fato de que o cigarro mata. Apresentamos palestras educativas em escolas e unidades de saúde, que são muito importantes, assim como o fornecimento de medicamentos. Mas é essencial diminuir as desigualdades sociais”, explicou o pesquisador.
Segundo o estudo, 86,6% das pessoas entrevistadas tinham televisor e 54,6% tinham rádio, o que “favorece trabalhos educativos que utilizem esses meios de comunicação”. A pesquisa detectou também que 45% dos entrevistados começaram a fumar com até 12 anos de idade. Mais de 78% começaram antes dos 18 anos.
Uma limitação do estudo, segundo Falcão, foi não ter incluído no questionário o teste de Fagerström, que avalia o grau de dependência dos fumantes. “Achamos que será mais oportuno fazê-lo posteriormente, quando houver a disponibilidade de tratamento medicamentoso para esses tabagistas”, acrescentou.
“É fundamental um aconselhamento e o trabalho com grupo de fumantes. O mais marcante foi ter visto que muitos usuários querem largar o vício e não conseguem sem um apoio farmacológico. Devido ao alto custo desses medicamentos, as pessoas carentes não podem ter uma ajuda adequada. Algumas chegaram a suplicar por ajuda. Essa necessidade só é percebida no convívio”, alertou Falcão.
Para ler o artigo O tabagismo em um município de pequeno porte: um estudo etnográfico como base para geração de um programa de saúde pública, de Thales Jenner Falcão e Iris do Céu Clara Costa, disponível na biblioteca on-line SciELO (Bireme/FAPESP) , clique aqui.
Essa é uma das principais conclusões de um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) com habitantes do município de Parazinho (RN). O trabalho pode ajudar a direcionar políticas públicas para o combate ao tabagismo em pequenas cidades.
De acordo com um dos autores, Thales Jenner Falcão, a pesquisa constatou também que os homens fumam mais. Os resultados refletem um cenário nacional. De acordo com o pesquisador, um dos motivos da escolha do município de 4,3 mil habitantes é que “existe pouca literatura envolvendo localidades com essas características”.
“A pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de traçar um perfil dos fumantes locais para a construção de um projeto ambulatorial cujos medicamentos seriam custeados pelo Ministério da Saúde, visando à elaboração de programas de controle do tabagismo no município”, disse Falcão à Agência FAPESP.
A pesquisa foi realizada por Iris do Céu Clara Costa, professora do Departamento de Odontologia da UFRN, e por Falcão, dentista, especialista em saúde coletiva pela UFRN e ex-coordenador da vigilância sanitária de Parazinho. O estudo foi publicado no Jornal Brasileiro de Pneumologia.
O estudo se baseou em um questionário apresentado a 150 pessoas – o que representa 25,6% do universo de fumantes do local. Os participantes, das zonas rural e urbana, responderam a 30 perguntas objetivas e subjetivas sobre assuntos como condição econômica, hábito associado ao cigarro, tempo de tabagismo, idade no início do uso, motivação para fumar, vontade e tentativa de parar, síndrome de abstinência, amigos e familiares fumantes, doenças relacionadas e uso do tabaco associado à ingestão alcoólica.
De acordo com Falcão, a utilização dos questionários é uma metodologia que facilita o trabalho dos agentes comunitários de saúde. “Para evitar distorções, os entrevistadores são treinados. Mas mesmo assim pode ocorrer uma má interpretação por parte de algum deles sobre alguma das questões abordadas.” Início precoce
Os dados indicaram que, do universo de fumantes, 57,8% eram do sexo masculino, contra 42,2% de mulheres. Em relação ao perfil sociodemográfico, verificou-se que, na população acima dos 19 anos, 26,4% dos homens e 20,4% das mulheres eram tabagistas. Os índices foram praticamente iguais para prevalência nas zonas urbana (23,5%) e rural (23,4%).
Um dado chamou a atenção: 66% dos entrevistados ganhavam até um salário mínimo. Além disso, cerca de 39,3% eram analfabetos e 51,3% tinham o ensino fundamental incompleto. Os dados destacam, de acordo com os autores, a forte relação entre tabagismo, baixa escolaridade e baixa renda.
“As pessoas de menor rendimento e com baixa escolaridade fumam mais. Algumas não acreditam na ciência e chegam a contestar o fato de que o cigarro mata. Apresentamos palestras educativas em escolas e unidades de saúde, que são muito importantes, assim como o fornecimento de medicamentos. Mas é essencial diminuir as desigualdades sociais”, explicou o pesquisador.
Segundo o estudo, 86,6% das pessoas entrevistadas tinham televisor e 54,6% tinham rádio, o que “favorece trabalhos educativos que utilizem esses meios de comunicação”. A pesquisa detectou também que 45% dos entrevistados começaram a fumar com até 12 anos de idade. Mais de 78% começaram antes dos 18 anos.
Uma limitação do estudo, segundo Falcão, foi não ter incluído no questionário o teste de Fagerström, que avalia o grau de dependência dos fumantes. “Achamos que será mais oportuno fazê-lo posteriormente, quando houver a disponibilidade de tratamento medicamentoso para esses tabagistas”, acrescentou.
“É fundamental um aconselhamento e o trabalho com grupo de fumantes. O mais marcante foi ter visto que muitos usuários querem largar o vício e não conseguem sem um apoio farmacológico. Devido ao alto custo desses medicamentos, as pessoas carentes não podem ter uma ajuda adequada. Algumas chegaram a suplicar por ajuda. Essa necessidade só é percebida no convívio”, alertou Falcão.
Para ler o artigo O tabagismo em um município de pequeno porte: um estudo etnográfico como base para geração de um programa de saúde pública, de Thales Jenner Falcão e Iris do Céu Clara Costa, disponível na biblioteca on-line SciELO (Bireme/FAPESP) , clique aqui.
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