Cientistas localizam genes responsáveis pelo câncer de pulmão

Cientistas descobriram importantes diferenças genéticas que podem explicar por que alguns fumantes desenvolvem câncer de pulmão e outros não. Três equipes da França, da Islândia e dos Estados Unidos informaram na quarta-feira ter localizado uma região do genoma que contém genes capazes de colocar os fumantes sob maior risco de desenvolver essa doença letal. Em todos os três estudos, a nicotina é a grande culpada. As descobertas podem levar a formas melhores de prevenção e tratamento do câncer de pulmão, o tipo de tumor que mais mata homens em todo o mundo, e o segundo mais letal entre mulheres. "Isso abre a possibilidade de que tratamentos que bloqueiem esses genes podem ser muitos benéficos como estratégia contra o câncer de pulmão, bem como contra a dependência (do fumo)", disse a jornalistas Paul Brennan, da Agência Internacional para a Pesquisa sobre o Câncer, de Lyon, na França. O fumo causa 90 por cento dos casos de câncer de pulmão. Mas só 15 por cento dos fumantes desenvolvem a doença, e os médicos há muito tempo suspeitavam de algum fator genético. A nova pesquisa confirma que alguns fumantes são mais vulneráveis devido ao seu perfil genético. Fumantes com duas cópias das variações genéticas têm cerca de 23 por cento de risco de terem câncer de pulmão, segundo Brennan. A descoberta é resultado da análise de mudanças comuns no código genético, chamadas "polimorfismo de nucleotídeo único" (SNPs, na sigla em inglês). Desde o começo de 2007, variações em quase cem locais do genoma foram vinculadas a diabetes, doenças cardíacas e determinados tipos de câncer. Significativamente, os três grupos que publicaram seus resultados nas revistas Nature e Nature Genetics apontaram variantes na mesma área do cromossomo 15 onde ficam três genes receptores de nicotina. Isso pode indicar que a própria nicotina é cancerígena, além de causar dependência. Por outro lado, pode ser também que algumas pessoas sejam mais propensas a ficarem dependentes de cigarros e a fumarem mais, o que portanto expõe seus pulmões a um maior dano. Alguns pesquisadores alertam que exames personalizados sobre a propensão ao câncer podem prejudicar os esforços contra o tabagismo. Mesmo fumantes menos propensos ao câncer continuam sob risco de outras doenças graves, como infarto e enfisema.

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